“JOGO DO TIGRINHO”

A RESPONSABILIDADE DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS SOBRE AS PUBLICIDADES VEICULADAS NAS REDES SOCIAIS

Resumo

A ascensão da internet, em especial das redes sociais, fez com que a profissão de influenciador digital surgisse. O nome da atividade desenvolvida por essas pessoas é autoexplicativo: através dos vídeos e fotos publicados na internet, influencia seus espectadores a agir de forma semelhante ou inspirá-los a fazer algo ou adotar um estilo de vida. Nessa senda, existem vários nichos dessa profissão: influenciadores de vida saudável, de moda, de viagens, de rotina profissional “tradicional” (advogados, médicos, dentistas, entre outros) ou até de estilo de vida ligado à doutrina religiosa. O “Jogo do Tigrinho” é um exemplo prático de como a influência dessas pessoas, quando utilizada de forma ardilosa, pode mudar a vida de quem os assiste. Em dezembro de 2023, um desses casos ganhou grande visibilidade: o “Jogo do Tigrinho”, em que influenciadores digitais, com milhões de seguidores, passaram a divulgar a plataforma de jogos de azar que é utilizada para que os usuários depositem dinheiro e façam apostas com o objetivo de ganhar mais dinheiro. No entanto, a prática de jogos de azar no Brasil é ilícita. Vários espectadores desses influenciadores relataram vício nos jogos, o que resultou na perda de grande quantia de dinheiro. Enquanto isso, os influenciadores, através de suas publicidades, lucram cifras exorbitantes. Uma das vítimas relatou que perdeu cerca de R$17.000,00 apostando na plataforma. O fatídico prejuízo iniciou-se quando a internauta passou a consumir o conteúdo de uma influenciadora local no estado do Maranhão. Ela divulgava uma vida de luxo com idas a restaurantes de alto padrão e compras de itens caro que, segundo ela, só foram possíveis graças aos ganhos que ela teve jogando os jogos da plataforma. Segundo a vítima, ao consumir esse conteúdo, ficou deslumbrada, o que acabou por tornar-se um vício e, consequentemente, no prejuízo financeiro, razão pela qual foi necessário que a mãe e a irmã passassem a controlar suas finanças, sem que ela tivesse acesso ao seu próprio dinheiro. Indiscutivelmente os danos causados foram oriundos de uma bem articulada campanha desenvolvida pelos influenciadores ou por eles cooptadas.